“Harleyleaks”: revelamos os arquivos secretos do Museu H-D



                            Jim Fricke, diretor-curador do museu foi meu guia nesse passeio pela “história oculta da Harley-Davidson”
A curiosidade é certamente uma das qualidades fundamentais para qualquer jornalista. Estamos sempre atrás de histórias que ainda não foram contadas. Portanto, imagine o quão interessante me pareceu a oportunidade de visitar os arquivos do Museu da Harley-Davidson em Milwaukee, Estados Unidos? Se os dois andares abertos ao público já contam muito sobre a história não só das motos, mas também da sociedade, pensei no que me reservava os arquivos “secretos”.


Ainda mais quando o convite partiu de Jim Fricke, o diretor-curador do museu. Uma breve introdução sobre Fricke: Ele trabalhou para Paul Allen, sócio da Microsoft, na criação do Museu de Hendrix que, mais tarde, viraria o incrível Experience Music Project Museum, em um belo edifício de Frank O. Ghery, em Seattle, terra natal de Jimi Hendrix. Apesar de não ser apaixonado por motos e não ser jornalista, Jim Fricke tem como profissão investigar, arquivar e exibir parte da história de pessoas, artistas e agora motocicletas. Já até escreveu um livro, “Yes, yes, y´all” (2002), que conta uma história da primeira década do hip-hop.
                                   Cris, esposa do roqueiro Patrick Simmons e sua Harley de 1915
Contratado para dar conteúdo ao Museu H-D, inaugurado em 2008, Fricke nos levou primeiramente a um andar onde há mais de 300 motocicletas guardadas – além das 150 exibidas pelo museu. Primeiramente, o curador fez questão de nos mostrar duas H-D, uma 1914 e outra 1915, nas quais Patrick Simmons (do grupo Doobie Brothers) e sua esposa Cris vieram rodando de Sturgis até Milwaukee para tocar na festa de 110 anos. “Essas senhoras estão aqui para cuidarmos delas. No sábado elas vão participar do desfile oficial”, contava orgulhoso Fricke.
O lugar é incrível: são dezenas de prateleiras móveis com centenas de motocicletas guardadas. Elas se revezam com os modelos expostos na seção do museu chamada de “Motorcycle Gallery”, que varia o tema da exposição. Segundo Fricke, algumas daquelas motos foram compradas pelo museu, mas muitas delas foram guardadas pela própria Harley: “desde meados de 1950, a empresa separa uma unidade intacta, isso é incrível. Nunca ouvi falar de uma empresa que faça isso”.
Avisto então a carenagem de uma XR 750TT, uma das poucas Harley de motovelocidade, e pergunto a Fricke se, entre aquelas belezuras, haveria um exemplar. Ele se empolga. Pede licença e, por meio de um controle movimenta as estantes até que surge uma das poucas unidades da XR 750TT que, de fato, foram à pista. “Aquela é uma das mais originais e bem conservadas que já vi”.
                                      A H-D Nova já utilizava motor com arrefecimento líquido em 1981


Percebendo meu interesse, começa a me mostrar outros modelos: uma Harley que teria participado de um Rally Transamazônico; a Harley-Davidson Nova, um projeto de 1981 que já testava a refrigeração líquida nos motores H-D , e até mesmo um triciclo, o Penster, um protótipo com duas rodas na frente que nem chegou a ser produzido. “Há muitos protótipos aqui nesses arquivos. Até mesmo uma Buell com o motor da V-Rod. Pouca gente sabe, mas a V-Rod seria lançada com a marca Buell!”, revelou-me Fricke.
Descemos então para outro andar, onde ficam arquivadas fotos, os primeiros anúncios da Harley-Davidson, documentos – como o passaporte do meu xará Arthur Davidson, quando ele foi vender suas motos na Inglaterra – e o tanque comemorativo dos 110 Anos, assinado por Willie G. e o Papa Bento XVI.

                                             Fricke me mostra o tanque comemorativo de 110 anos da Harley
Mas Fricke queria contar mais detalhes da tal Harley que disputou o Rally na América do Sul. Depois de ver o mapa da prova, expliquei para Jim Fricke que o tal rally não tinha passado no Brasil, de onde vínhamos. Mas por outro lado, descobri que aquela H-D era a mesma de uma foto que tinha visto anos atrás no site da Harley sobre a tal moto. Agora descobri que o piloto era Charles Peet com uma FXRP e que o Rally aconteceu em 1988 saindo de Cartagena, Colômbia e indo até Buenos Aires, Argentina.
Aproveitei para contar pra ele que havia um motociclista brasileiro, o Gau, que cruzou a rodovia transamazônica numa AMF/Harley-Davidson em 1976… Ele se interessou pela história. Prometi a Jim Fricke fotos e informações desse fato. É a tal curiosidade levando a novas descobertas. Aliás, alguém sabe por onde anda o João Gonçalves, o Gau, o pai do moto-turismo brasileiro? 
                                                    A H-D que participou de um rally na América do Sul
                                                         Triciclo com duas rodas dianteiras? A Harley já pensou nisso e deu a ele o nome de Penster
                                                                          Segundo Jim Fricke, a Harley guarda um modelo intacto desde os anos 1950 para o acervo do museu
                                                             O passaporte de Arthur Davidson faz parte do acervo “escondido” do público…
                                                     …  assim como uma série de raios-x do intrépido piloto Evel Knivel
                                                       Sim, são cigarros da Harley-Davidson
                                                       E tudo isso está aqui, no acervo do H-D Museum, em Milwaukee, nos Estados Unidos

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